3 de setembro de 2009
Por Marina Dias - Especial de Veja.com Online
Vale a pena preparar adolescentes e
até crianças para o mercado de trabalho?
Sim, com certeza. Em primeiro lugar, porém, é preciso
esclarecer o que essas crianças e adolescentes vão enfrentar no mercado
de trabalho daqui a dez anos. Será um mundo totalmente diferente, em que
a oferta de emprego diminuirá à medida em que a população aumenta. Por
outro lado, haverá diversas formas de trabalho, com exigências de
autonomia e empreendedorismo muito grandes. Por isso, é extremamente
útil conversar e esclarecer dúvidas sobre esse novo cenário desde cedo.
Quais serão as novas opções de trabalho daqui a dez anos?
O jovem poderá trabalhar como pequeno empresário, prestador de serviço,
autônomo, interino, entre outras opções. Esse tipo de trabalho vai
obrigá-lo a aprender desde cedo a organizar sua vida financeira, já que
ele não terá um emprego que garanta salário constante, férias e fundo de
garantia. Agora é hora de se preparar para o novo mercado de trabalho e
saber administrar a própria vida.
O que os estudantes precisam aprender na escola para que
estejam preparados para esse novo mercado?
Essencialmente, três coisas. Primeiro, conhecimento das
disciplinas previstas na educação básica, como português, matemática,
história etc. Em segundo, conhecimento de mundo, que vai lhes conferir
base para que possam identificar oportunidades de trabalho. Por fim, é
necessário desenvolver competências pessoais e criar e fortalecer uma
rede de relações - responsável, em geral, por indicações profissionais.
A partir de que idade as crianças devem começar a ser
preparadas para o futuro profissional?
Aos 14 anos. Nesse momento, é importante discutir sobre o mundo
do trabalho e do emprego, com debates e explicações que esclareçam as
dúvidas e preparem os jovens para que sejam capazes de gerir a própria
vida, inclusive financeira, formando um espírito mais empreendedor e
autônomo.
Como isso deve ser feito?
É essencial que a escola coloque os estudantes em contato com pequenos e
médios empreendimentos. Não adianta só chamar pessoas de grandes
empresas para dar palestras, pois é necessário despertar a curiosidade
dos jovens em construir sua própria carreira. Atuação autônoma,
empreendedorismo, construção de pequenas empresas de prestação de
serviço, legislação e dificuldades burocráticas são alguns dos conceitos
que devem ser discutidos desde cedo na escola.
Qual é a responsabilidade dos pais nesse processo?
Os pais devem cuidar do desenvolvimento de dois pontos
importantes na vida de seus filhos: competências pessoais, com estímulo
a atividades extracurriculares, como música, teatro e esportes, e o
estímulo à construção e manutenção das redes sociais.
Como aprender a tomar decisões, trabalhar em equipe ou
exercer liderança, competências cada vez mais exigidas pelo mercado?
Atividades esportivas e simulações de ambientes empresariais podem ser
ações práticas para o desenvolvimento de competências fundamentais. A
preocupação não pode estar apenas em preparar o jovem para prestar
vestibular, mas, sim, conferir a ele uma visão de mundo mais ampla, em
que ele saiba trabalhar em grupo, ter espírito empreendedor, liderança e
autonomia.
Fonte: Veja.com online
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